Featured Story #7 | My Dear Studio

Rafa e Camila, do My Dear Studio: trabalho sem fronteiras, literalmente.
Rafa e Camila, do My Dear Studio: trabalho sem fronteiras, literalmente.

Seja pela exaustão da correria do dia a dia, seja por um plano de vida, quem nunca parou e pensou “Quer saber? Vou largar tudo e vou para a Europa”?

Nem sempre o desejo se torna realidade, afinal de contas, uma mudança desse tipo exige muita dedicação — e alguma dose de sacrifício — sobretudo quando já se tem uma carreira sólida no seu país de origem.

Mas Camila Kintzel e Rafa Ferro, fundadores e sócios no My Dear Studio, são um ótimo exemplo de quem pensou em ir para a Europa, e realizou. Mais do que isso, a dupla mantém um bem-sucedido estúdio de design morando em países diferentes, e atendendo clientes do mundo inteiro!

Na Featured Story BPool deste mês a gente conversou com Camila e Rafa para entender um pouco mais deste não-convencional (mas cada vez menos inconvencional) modo de trabalhar.

Com vocês então, Camila e Rafa, do My Dear Studio.

P: Camila e Rafa, vamos começar do início, né? Falem um pouco do background de vocês e como chegaram na Europa?

R: Camila — Bem, confesso que, apesar de amar essa vida, estava cansadona de trabalhar em agência. Já tinha mais de dez anos na correria, era supervisora de criação, com um filho pequeno sendo criado por escolinha e babá.

A decisão veio de uma loucura completa. Viemos eu e marido passar uma semana em Berlim e ficamos encantados com o quanto a cidade era barata e combinava com a gente. Fizemos as contas e descobrimos que dava para viver com menos, só fazendo freelas, mas ganhar na qualidade de vida imensamente — e no tempo pra ficar com filhote. Como sou de família alemã, o passaporte também ajudou, claro. Em seis meses, mudamos. O mais maluco foi que todos os leões que ganhei na carreira começaram a chegar exatamente um mês depois de ter largado a vida de agência, de trabalhos que tinha inscrito 6 meses antes. Nunca aproveitei a premiarada que ganhei.

R: Rafa — Pra falar a verdade eu estava cansado do ritmo da cidade de São Paulo, na época da decisão eu estava trabalhando na Berrini, duas horas pra chegar no trabalho, duas horas pra voltar pra casa. Eu e minha namorada (agora noiva rs!) decidimos vir a Barcelona estudar Design e Arquitetura respectivamente, e em 3 meses eu já estava freelando na DDB. Freelei por uns 4 meses e me contrataram como diretor de arte de Volkswagen Finance. Passei 1 ano na DDB de Barcelona, pedi as contas e me juntei com a Camila! 🙂

P: Uma vez na Europa, de onde veio a ideia de parceria, sendo que vocês sempre moraram em diferentes países?

R: Camila — Eu e o Rafa sempre nos demos muito bem, nunca rolou stress e nos divertimos trabalhando juntos. Como eu e ele já estávamos “soltos na vida”, acabou sendo meio natural eu chamá-lo quando tinha um job com demanda de arte, ele me chamava para os roteiros e textos. Aí começaram a surgir clientes nossos, dos dois, que gostavam da dinâmica e queriam a dupla. Trabalhamos um ano assim, sem formalizar o estúdio, mas teve uma hora que a gente falou: ok, já é um estúdio, só falta o nome e o CNPJ mesmo.

P: O que exatamente My Dear Studio faz e como é a rotina de trabalho de vocês?

R: Nosso foco real é branding, começar marcas do zero, pensando desde nome, identidade visual, a personalidade e tom de voz daquela empresa ou produto no mundão. Hoje fazemos isso e também um pouco mais. Hahaha. Com alguns clientes, quando entregamos o brandbook vem a necessidade do site, aí de uma peça aqui e outra ali. Com outros, precisamos partir de marcas prontas e funcionais, porém datadas ou feitas pelo sobrinho, e começar de novo, mas só resgatando os pontos positivos do que foi feito antes. Cada job é um job mesmo. Mas digamos que o My Dear é um estúdio de branding com muita expertise em digital e campanha.

Quanto à rotina, a gente trabalha muito! Começamos no horário da Europa, umas 5h no futuro do Brasil, e terminamos muitas vezes o expediente no horário brasileiro, depende do dia, dos calls, das entregas. Claro que temos os escritórios em casa, então temos liberdade e vamos conversando. Eu não perco uma reunião de pais da escola, podemos trabalhar mesmo viajando, como agora. Estou nas férias de outono, na Espanha, trabalhando.

P: No modelo de trabalho à distância, quais ferramentas vocês consideram essenciais?

R: Sem uma boa conexão, nada disso seria possível. A gente se organizou para ter todos os arquivos do estúdio na nuvem, acessível e com um sistema lógico de organização. Temos o Slack e Whatsapp como ferramentas número 1 de comunicação. Cada cliente nosso tem um grupo dedicado no Whatsapp, é um canal absolutamente direto com a gente sempre. Nós falamos o dia todo, mesmo. E abrimos câmera em videocalls várias vezes por dia. Mas no fim, acho que as ferramentas mais essenciais são de relacionamento mesmo: uma boa comunicação, confiança no trabalho e na pessoa do sócio, responsabilidade com o clientes, os prazos, o crescimento do estúdio. E, óbvio, muito amor envolvido.

P: Vocês se imaginam trabalhando nos moldes “antigos” de novo? Ou seja, tendo um escritório ou agência para ir diariamente?

R: Nossa, evito até pensar. Vai que atrai. Hahahah. Na verdade, a gente se adaptaria, sempre rola uma adaptação e no fim nem é tão ruim. Mas acredito muito que a gente é melhor, faz um trabalho de mais qualidade e mais bem pensado com essa liberdade de ver o mundo e trabalhar ao mesmo tempo. O nomadismo digital tá aí e estar fisicamente em um local não significa estar de corpo e alma num projeto. A gente consegue se dedicar lindamente sem estar na firma.

P: Quais são os prós e os contras deste modelo de trabalho de vocês?

R: A favor estão a liberdade, a flexibilidade, a possibilidade de trabalhar com diferentes mercados, diferentes culturas e pontos de vista e de casa. Contras são as pessoas no Brasil esquecerem do fuso com frequência e mandarem mensagens na madrugada com coisas importantes.

P: O que vocês diriam para quem gostaria de trabalhar de forma mais flexível, mas tem dúvidas a respeito?

R: Acho que invista na construção de uma carreira sólida. Quando você fala que trabalha remotamente e é redator ou diretor de arte, é uma coisa. A outra é ter passado por grandes agências, ter prêmio, boas contas, história pra convencer seu cliente de que tem qualidade sua entrega. A segunda é: se jogue. A vida é agora, isso não é ensaio. Ou você faz, ou não. Se organize e vá. Se precisar mudar de curso uma, duas, dez vezes, você vai perceber.

P: O que é mais desafiador para o My Dear Studio: a parte comercial ou a execução de um job?

R: Comercial, sempre. A gente é criativo, não gosta de planilhas. Também gostamos de vender os outros, não a gente mesmo. Seria lindo ter alguém comercial com a gente, de parceiro. Mas mesmo sem essa pessoa, temos nossos clientes, que são a melhor força comercial que poderíamos ter. Gente feliz com os resultados e com depoimento pra dar. Todos os nossos clientes trouxeram pelo menos um novo projeto pra dentro do estúdio.

P: Última pergunta. Qual cidade é mais legal: Berlim ou Barcelona??

R: Camila — BERLIM, menos o clima.

R: Rafa — Barcelona sem dúvida 😛

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