A convite da BPool, Fernanda Belfort, executiva com mais de 20 anos de experiência em multinacionais e a incansável mente à frente do podcast Tribo de Marketing, conta como tradicionais corporações podem se manter inovadoras mesmo em momentos de crise. Leia abaixo!
Havia escrito esse texto sobre inovação um pouco antes da confusão toda do Covid-19 e, quando chegou a hora dele ir pro ar, já estava desatualizado. Hoje, nesse caos que vivemos, qualquer coisa pré-covid pode até ser válida, mas já tem um cheiro de mofo que não dá pra negar. E aqui não foi diferente. Aí resolvi reescrever. E vi que muito dele ainda era válido, mas que precisava sim de uma roupagem bem nova. Sim, a gente achava que o mundo estava mudando rápido, e que ele era VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo). Mas agora vivemos o CAOS. Tudo mudando à velocidade da luz. Mas, mais do que nunca, não podemos ficar parados. E, no meio de tanta incerteza, paralisar é fácil. De tudo que tenho visto por aí, tenho gostado muito do Jeremy Gutsche falando de inovação pelo caos. Muita coisa está mudando, e pra não se perder, é importante a gente voltar a agarrar os princípios.
Crises não são boas. Ainda mais quando envolvem algo tão importante quanto a saúde das pessoas. Mas crises criam caos. E caos cria oportunidades.
Inovação é sobre atender às necessidades das pessoas. Quanto mais o mundo muda, mais oportunidades aparecem, porque as necessidades mudam. Então o foco aqui pode ser claro: quais as novas necessidades dos clientes? E como você pode atendê-las?
Se você agarrar isso, e conseguir resolver NOVAS necessidades dos clientes, você pode sim crescer no meio desse caos. E se tornar irresistível, mesmo que para um nicho de pessoas.
Mudar o jogo e arriscar não é fácil (e nem sempre faz sentido) quando as coisas vão bem. Mas crises e caos permitem que você inove de forma mais ousada. Você pode errar, mas também pode salvar sua empresa.
Daí pra frente, o “como” não muda. Só se intensifica.
Algumas coisas não mudaram. E devemos seguir fiéis a elas. Fundamentos do que há de melhor em design thinking.
_Human Centric.
A relevância só vem se você tem uma solução e uma experiência centrada no consumidor (ou na pessoa, como atualmente preferimos dizer). Entender o que ele precisa, o que quer, todo o racional e, mais importante, o irracional. Ouça-o, e observe-o. Com um olhar curioso e atento, o que pode ser importante pro seu insight.
_Considerando toda a Jornada.
Entenda também sua jornada toda, de tudo o que há de bom nela a qualquer atrito. Tirar atritos também agrega, e muito.
_Parta de uma bela pergunta.
Tudo começa saindo da pergunta correta. A forma de enquadrar o problema ou a oportunidade é decisiva pra chegar na melhor solução. Qual o problema que você resolve na vida do consumidor? Quem concorre com você? Aqui recomendo um livro chamado “A More Beautiful Question”, do Warren Berger. Como disse Charles F. Kettering “Um problema bem formulado é um problema já metade resolvido”.
_Criatividade e o olhar de iniciante.
Quando ficamos muito imersos e passamos a conhecer muito um tema, tendemos a ligar os pontos dentro desse expertise. É essencial cultivar uma mentalidade de iniciante (curiosa e questionando o básico), e cultivar a criatividade. Aprenda coisas novas, amplie seus horizontes e chame pessoas de fora da empresa pra sessões de ideias.
Algumas coisas estão evoluindo e muito. Por muito tempo, a forma de inovar, o processo a seguir pra chegar nos projetos não mudaram. Hoje, tudo se move, e rápido. E precisamos estar abertos a aprender.
_Inovação vai além do produto.
A inovação pode estar no produto, na experiência, ou até no modelo de negócio. Aliás, inovações de modelo de negócio são as menos exploradas e que às vezes trazem os melhores resultados.
_Precisamos ser rápidos para aprender e flexíveis pra ajustar o rumo.
A filosofia que nasceu há muitos anos atrás com as startups hoje é um must nas grandes empresas (quem ainda não fez, mergulha no livro Lean Startup, do Eric Ries). Ter a idéia e, antes de investir muito tempo ou dinheiro, simular o que vai ser e testar pra aprender desde o início do projeto. Seja com um protótipo ou MVP (minimum viable product). E ajustar o rumo – ou pivotar – conforme for preciso. Você deve começar a testar antes de ficar com pena de jogar tudo fora se o resultado não for bom. Precisa se apaixonar pelo problema, e não pela solução. Se você estiver confortável e satisfeito com o que está testando, você já está atrasado. A idéia é quebrar um processo enorme (com muito tempo, custo e risco) por ciclos menores, que permitam que você aprenda desde o início a direção certa. Se possível na vida real, usando os tão poderosos dados.
_Eficiência no processo.
Processos que antes duravam meses, quase anos, agora estão acelerados em sprints. As principais pessoas (do dono do problema aos donos do expertise) se juntam numa sala pra definir as perguntas, pensar nas soluções, prototipar e avaliar com o consumidor. A dedicação exclusiva permite trabalho focado que agrega valor, prazos determinados trazem produtividade, o foco na solução o mindset construtivo e o protótipo permite que você ‘antecipe o futuro’ e colha feedback do consumidor desde o inicio do processo.
_Sua capacidade de inovação não se limita a sua área de inovação.
Mudar o jogo, olhando pro ecossistema como um grande ativo pra geração e desenvolvimento de ideias: de investir em startups a fazer crowd sourcing.
A inovação é mais importante a cada dia. E só as empresas que souberem fazer isso, vão estar aqui no futuro.
Muito bom o texto e adorei as dicas dos livros.
Realmente, diante de uma crise dessas, precisamos inovar de uma forma mais ousada e acelerada.
Que legal que curtiu, Ana! A Fê sempre tem perspectivas legais e ficamos contentes por trazer conteúdo relevante pra nossa comunidade!