Pichações, fios, muros, arames, prédios, quadras, pássaros e outros elementos clássicos da paisagem urbana — em preto e branco, vale ressaltar — é tudo o que você vê quando acessa o site casa.cc.
E, se quiser saber mais informações, vai dar de cara com a frase SEJA MARGINAL, SEJA HERÓI.
Visualmente estimulante e conceitualmente provocativa, a Casa.CC é um estúdio formato por criativos multidisciplinares que buscam estimular debates contemporâneos.
João, Rodrigo e Bruno são os “heróis marginais” — ou “marginais heróis” — à frente de Casa.CC e bateram um papo com o time da BPool pra contar um pouco mais da vida e trabalho deles.
Com vocês então, RODRIGO, BRUNO e JOÃO.
P: Senhores, antes de mais nada: vocês três tem carreiras sólidas no mercado de comunicação e, há pouco tempo montaram a Casa.CC. Qual é a visão de vocês sobre o momento da indústria criativa e pra onde imaginam que o mercado vai caminhar?
Há anos que a indústria criativa está mudando. Na verdade, desde que começamos a trabalhar com comunicação, há 15 ou 20 anos, diversas ondas de transformação afetaram o mercado. Primeiro com novas tecnologias, depois com novas mídias ou formatos diferenciados e agora com novos modelos de negócio.
Hoje, o mercado precisa de estruturas mais flexíveis, ágeis e próximas do cliente.
Cada vez mais, as marcas precisam de pessoas capacitadas para ajudar a entender seus próprios problemas, pois muitas vezes nem isto é claro. Isso faz parte do diferencial do bom criativo. Alguém que possa ajudar o cliente a decupar o problema e ajudar a traçar a melhor estratégia criativa para solucionar aquela equação.
Aqui no estúdio, usamos muito a expressão “quebar a matrix”, que quer dizer algo como entender o problema, decupar até a última gota e depois hackear aquele sistema para que ele seja solucionado da melhor forma possível.
Nos acostumamos a não aceitar apenas um pedido de campanha ou um pedido de projeto de loja, mas sim a questionar as necessidades destes pedidos. De onde eles surgiram e se de fato eles são o melhor briefing.
Portanto, o futuro do mercado da comunicação pertence àqueles que possuírem uma visão holística dos problemas do cliente. Pertence àqueles que tiverem poder de adaptação e agilidade para agir no timing certo. E, finalmente, como em todas as outras transformações que já presenciamos, pertence aqueles que tiverem coragem.
P: Nestes anos de mercado, a Casa já fez muito trabalho legal pra marcas de vários setores, mas todos temos um job que levamos com carinho especial. Vocês podem apontar um que tem um lugar cativo no coração de vocês e por quê?
Aqui no estúdio ninguém vive de passado. O foco é sempre no presente com um olho no futuro. Então, o melhor trabalho é sempre o último trabalho. Se não for, estamos fazendo alguma coisa errada.
Nosso último trabalho que saiu para rua é uma campanha que criamos para FILA com a cantora e musa eterna IZA.
Assim como em muitos de nossos projetos, esse trabalho começou pequeno. O pedido era uma campanha de redes sociais, mas logo que começamos a criar junto com o cliente, vimos que o projeto tinha muito potencial. Então, rapidamente a campanha de Instagram virou anúncio em revista de moda, filme para cinema e um projeto inteiro de ponto de venda, vitrine e peças especiais em lojas por todo o Brasil.
P: Curiosidade, de onde vem o conceito SEJA MARGINAL, SEJA HERÓI e como vocês se relacionam com ele?
“Seja marginal, seja herói” é uma frase da obra do Hélio Oiticica. Essa frase sintetizou uma série de trabalhos do artista que ficaram conhecidos como marginália a partir do final da década de 60.
Além de sermos muito fãs do trabalho do Hélio, e utilizarmos muitas referências da arte contemporânea nos nosso projetos, essa frase tem um significado especial para nós. Há 3 anos, decidimos viver como marginais, ou seja, à margem da sociedade da comunicação. Trocamos nossas carreiras em grandes agências para criar algo novo, algo heróico em que acreditamos. Criativos na linha de frente. Criando, atendendo e produzindo.
Parafraseando o poeta Mano Brow, “somos um efeito colateral que o seu sistema fez”.
P: Agora, sei que um de vocês é bem ligado com futebol e até tem um blog bem conhecido no RS, principalmente pela torcida colorada. Além do futebol, quais são as paixões pessoais de vocês?
Existe uma intersecção muito grande nas nossas paixões pessoais pelas artes plásticas. O Bruno é artista plástico, o João tem um talento monstruoso ilustrando e o Rodris já cursou Artes Plásticas na UFRGS. Todo semestre fazemos uma espécie de Casa.CC Talks, onde alguém fala sobre alguma exposição ou viagem artística que fez.
Individualmente, cada um de nós tem paixões bem fortes. Como vocês mesmos comentaram, o João é fanático pelo time do Inter, sendo integrante do blog colorado mais bacana do Brasil. O Rodris é nerd do videogame e da música. Já o Bruno entrou duas vezes na fila da paixão pelas artes =)
P: Última pergunta: como um dos primeiros parceiros criativos cadastrados na BPool, qual é a expectativa de vocês em relação à plataforma e o que vocês esperam de nós (e irão nos cobrar daqui algum tempo…kkk)?
Um modelo de negócio como o nosso tem uma limitação, que é a entrada em clientes que não estão no nosso ciclo. Obviamente, essa entrada acontece por causa do trabalho. Trabalho bom na rua, chama novos trabalhos. Porém, esse ciclo é mais lento. Nossa expectativa é que a BPool acelere esse contato em clientes que ainda não nos conhecem.
Acho que o único ponto que vamos cobrar de vocês é transparência.