Ada Augusta King, a Condessa de Lovelace, é considerada a primeira programadora da história, mas talvez você nunca tenha ouvido o nome dela. Falecida em 1852 com apenas 36 anos, Ada era matemática e poetisa, mas acima de tudo, era especialista em resolver problemas.
Mais de 150 anos mais tarde, Cristina Famano e Ken Fujioka decidiram homenageá-la, batizando sua recém-criada empresa de ADA Strategy. E qual é a especialidade da empresa da dupla? Bem, resolver problemas. E, melhor, em apenas 4 semanas!
Na Featured Story BPool deste mês, o papo é com estes dois que, verdade seja dita, dispensam apresentações!
Com vocês então, Cris e Ken.
P: Cris e Ken, de diferentes “lados da mesa” (Cris em clientes/anunciantes e Ken em agências), vocês sempre estiveram olhando para os desafios de comunicação e de business de grandes empresas. Qual é a carência que vocês identificaram no mercado e como a ADA preenche o gap?
R: A ideia da empresa surgiu das dores que a gente sentia como executivos que fomos por mais de 20 anos cada um.
No mundo das agências, falta disciplina, metodologias transparentes, colaboração com gente de fora, diversidade de talentos. É uma indústria muito egóica e centrada em si mesma.
No universo das corporações, como cliente de várias consultorias tradicionais, há muita insatisfação com a ausência de senioridade dos consultores. Os seniores só aparecem na hora de vender, depois entram profissionais iniciantes ou sem vivência real de problemas corporativos. Além disso, praticam prazos longos demais e não trazem muita criatividade.
Então a gente resolveu se juntar e criar uma consultoria que atacasse essas dores.
P: Hoje a gente ouve e lê sobre muitas empresas que querem incorporar práticas de startup em suas operações e acabam não tendo sucesso ao fazê-lo. Por quê?
R: É muito difícil mudar a cultura de uma empresa já consolidada. Então, por mais que ela queira implantar uma “cultura de startup”, isso não vai acontecer. E, sinceramente, acho que nem deve. Não vai ser autêntico.
Mas elas podem, sim, trazer algumas práticas de inovação, criatividade e eficiência, por um tempo determinado, para resolver problemas específicos.
Também é preciso escolher bem as pessoas que farão parte desse time. Não adianta ser ingênuo e achar que todos na empresa saberão participar de um novo modelo de trabalho, ainda que temporariamente.
O que a gente experimenta com a ADA é isso: uma bolha de excelência e diversidade de talentos, onde as verdades absolutas ficam de fora.
P: Qual é a diferença da ADA para as consultorias tradicionais?
R: Em primeiro lugar, sem dúvida, a agilidade. A gente se propõe a resolver problemas complexos em quatro semanas. Dessas quatro semanas, a terceira semana é a chave, quando acontece a business sprint.
Em segundo lugar, diversidade de talentos. Na business sprint, a gente tem um time híbrido, formado por pessoas do cliente, que conhecem profundamente o negócio, e por convidados especialistas externos, que trazem pontos de vista diferentes e habilidades complementares, que vão de design a produção de vídeo, de data science a psicologia. Cada time é montado de acordo com a natureza do problema a ser resolvido.
E em terceiro lugar, a prática. A gente chega em protótipos de solução, em coisas concretas, e não powerpoints. E, na business sprint, não, acontece somente a ideação e a prototipagem: os protótipos são submetidos a um primeiro teste com usuários. Ou seja, a gente vai coletar a opinião de quem importa: as pessoas para as quais a solução foi desenhada.
P: Ken, você tem feito palestras e discutido bastante temas como equidade de gênero e machismo. As empresas estão se abrindo para debater estes assuntos ou ainda existe muito receio?
R: Acho que as empresas nunca estiveram tão abertas para conversar sobre esses assuntos. E não é por uma questão ética apenas: é também uma atitude de negócios. Já há vários estudos que comprovam que, quanto mais diversidade, melhores resultados a empresa pode obter.
O machismo, especificamente, é um assunto sobre o qual tenho lugar de fala: eu realmente acredito que essa é uma coisa que faz mal para todos. Faz muito mal para mulheres, mas também faz mal para os homens. Já sabemos que os homens falam menos sobre sentimentos, matam mais, se suicidam mais, cuidam menos de sua saúde, estão propensos a mais doenças… Não é possível que a gente queira continuar nesse ciclo.
P: Agora, nos contem alguma curiosidade da Cris e do Ken que nem todo mundo do mercado sabe, mas deveria saber!
R: A Cris é uma pessoa que adora experimentar sensações radicais. Já mergulhou, já pulou de bungee jump, já saltou de paraquedas, já escalou o Kilimanjaro… Ela é a corajosa da dupla. =)
O Ken é um curioso por natureza. Adora perguntar: por quê? Talvez por isso tenha criado o podcast Naruhodo, que semanalmente responde perguntas com fundamentação científica — hoje já são quase 200 episódios publicados.
P: Por fim, qual foi a reação de vocês quando ouviram falar na BPool pela primeira vez e o que vocês esperam de nós?
A gente acredita que é um modelo que conversa com o mundo contemporâneo. Assim como a ADA, a BPool acredita na força dos indivíduos e no poder de juntar esses indivíduos em torno de um problema. Então a gente espera uma parceria com frutos importantes, que possam melhorar de verdade as relações de trabalho.