Ao longo da minha experiência e conversando com amigos e colegas, vi que a maioria sempre avaliou os fornecedores através dos números. Número de funcionários, de marcas atendidas, presença em X países, metragem do escritório, entre outros tantos que poderia ficar citando. Não sei precisar porque, mas acredito que isso tem a ver com a cultura e maneira de pensar dessa geração e até mesmo a influência das gerações anteriores, que tinham como principal objetivo a estabilidade.
De uns tempos para cá, isso mudou. Cada vez mais, nota-se como o indivíduo que está por trás de uma empresa, é o fator determinante para que ela seja escolhida como fornecedora. Não só o lado profissional desses indivíduos, sua reputação é formada pelos seus feitos, experiência e também pelo propósito que guia suas vidas, sua vida pessoal inclusa. Tudo isso se reflete na empresa que ele representa.
Esse movimento abre espaço para que os profissionais de grandes corporações saiam para abrir os próprios negócios. Se antes, o desafio da retenção era para os concorrentes, hoje ele se dá para o empreendedorismo. Se, por um lado, performance e inteligência artificial tendem a comoditizar parte do trabalho, por outro, o valor intelectual do talento e experiência tende a ser ainda mais essencial para o sucesso. No mercado financeiro, por exemplo, uma grande quantidade de Private Bankers abriu seus Virtual Family offices. No de advocacia, sócios minoritários dos grandes escritórios saem para criar suas próprias boutiques, geralmente especializadas em determinada área.
O fenômeno se observa também no mercado de comunicação. Entre agências, produtoras de vídeo e conteúdo, estúdios criativos e birôs especializados, foram mais de 100 CNPJs abertos nos últimos anos, por profissionais de criação, planejamento, mídia, negócios e produção. O fato é que esses profissionais, além de muito técnicos em suas áreas de especialização, conseguiram construir uma rede capaz de recrutar bons talentos para suas startups e, ao mesmo tempo, começar o negócio com 1 ou 2 clientes.
Na outra ponta, o cliente só tem a ganhar com essa democratização. No mercado alternativo, que estamos chamando de ecossistema B, encontram um perfil de profissional mais ávido por inovação, disposto a oferecer um atendimento mais dedicado e com um custo mais justo, sem tantos intermediários e sem deixar de lado toda a sua técnica e experiência. Há que se avaliar os riscos desse movimento. Uma curadoria pouco criteriosa de fornecedores poderia levar a uma queda no nível do trabalho, desvalorização intelectual e, consequentemente, remuneração baixa por ele. Uma relação de um player muito grande com uma empresa menor poderia gerar um desequilíbrio, excesso de poder de barganha por um dos lados.
Ainda tem muito para ser pensado, debatido e, acima de tudo, feito para que esse modelo B seja saudável e nos encha de orgulho. Para que ele ajude a evoluir e desenvolver o mercado de comunicação dos novos tempos do jeito que sempre sonhamos em fazer. Mas a aceitação do início do nosso projeto por todas as partes com quem temos conversado, nos faz acreditar que estamos no caminho certo. Por ora, deixo vocês com a frase de um dos nossos parceiros Will Silva: se organizar direito, todo mundo tampa.
Daniel Prianti
Co-founder da BPool
Todos os mercados estão em mudanças o tempo todo. Trabalhei por anos com entretenimento, em empresas multinacionais com The Walt Disney Brasil e Fox/Sony Pictures Home Enterteniment Brasil. No segmento de atuação na época, acabou. Tive que me recriar, me redescobrir, me desafiar! Atuo na área comercial, desde 1988… a arte continua. Parabéns pelo artigo.
Super atual essa discussão. De onde será que vem a resistência dos contratantes de romper com o establishment? Será que não estamos conseguindo demonstrar os benefícios da parceria com empresas menores, com maior dedicação e comprometimento de recursos senior, normalmente donos do negócio? Ou será medo do novo, do desconhecido? Acredito muito que essa tendência é um caminho sem volta.
obrigado @Leandro Marques, acho que é realmente o caminho é de se redescobrir/reinventar constantemente, só que, mais do nunca, na minha visão, o repertório, experiência e credibilidade de cada indivíduo ganharão cada vez mais importância Vs empresa e/ou marca onde se trabalha.
@Beatriz, ao meu ver parte da resistência está sim na tomada de risco com o desconhecido mas também nos processos e critérios de Compliance das grandes empresas.