A SOKO é uma agência que goza de fama e credibilidade no mercado. Considerada como uma das melhores agências de Earned Media do Brasil, a SOKO é discreta na autopromoção e conquistou prestígio porque seu trabalho fala mais alto.
Se procurar a agência no Instagram (@soko.cx) vai ver um feed com dez posts totalmente brancos, um com o logo da agência e um – somente um – com a frase “We are a data-driven earned media company that links brand stories to storytellers in a journey towards the right audience”. O site (www.soko.cx) segue a mesma linha. Discreto, com um texto mais na linha de um manifesto, não tem cases extravagantes nem perfil dos sócios.
Fundada em 2015, a agência é parte do grupo FLAGCX e é liderada pelos sócios Brisa Vicente (COO), Felipe Simi (CCO) e Pedro Tourinho (Head of Broadcast). Na Featured Story deste mês, conversamos com a Brisa sobre o modelo de trabalho da SOKO, a relação com os clientes e a comunicação na era dos dados.
P: Brisa, a SOKO tem uma carteira de clientes robusta, como Ambev, Netflix, Google, VIVO e Pernod Ricard, mas a agência não entra em concorrências. Como vocês conquistaram estes clientes e como planejam o crescimento da agência?
R: A SOKO é uma agência de earned media que, por meio de dados, cria e conecta histórias de marca com contadores de história para atingir organicamente a audiência correta. No primeiro momento, os clientes nos colocaram na caixa de PR o que acabou sendo refletido nos primeiros escopos fixos que tivemos como para Netflix, Pernod-Ricard e Vivo. Depois disso, nosso potencial em outras frentes começaram a ganhar mais evidência, tanto para nossos clientes quanto para o mercado, onde passamos a mostrar mais nosso potencial de trabalho como agência criativa. Isso tudo acontecendo muito naturalmente com o nosso amadurecendo ao longo dos últimos anos em que conseguimos construir cada vez mais trabalhos para gerar conversa como Netflix com Xuxa, o Muro de Corona e Uber Juntos e Shallow Now. Muitas das nossas relações comerciais partiram dessas entregas.
P: Pra qualquer agência existe uma enorme pressão por performance, e quem opera mídia consegue comprovar resultados com métricas claras. Como a SOKO faz para medir resultados das suas ações?
R: Na SOKO somos obcecados por métricas, não acreditamos em subjetividade e todos os esforços de comunicação que trabalhamos podem ser mensurados. Desenvolvemos uma metodologia que afere as menções de marca, não só pelo impacto, mas também pela aderência em relação às key messages estabelecidas como critérios para a estratégia. Apresentamos nossos reports com base em TRP ponderado de acordo com o alcance, afinidade, atenção e confiança do meio, sempre considerando o target principal do projeto.
P: Quais tipos de marcas que você acha que mais se beneficiam de um trabalho de conteúdo e PR, e quais tipos que de fato precisam de um apoio constante de mídia paga?
R: As pessoas são o meio de comunicação mais poderoso do mundo e isso não muda, independente da marca a ser trabalhada. Se criamos histórias poderosas, partimos do princípio da natureza humana de que haverá interesse em contá-las (e recontá-las). Segundo a Nielsen, 88% dos consumidores acreditam que o canal que mais influencia suas decisões de compra é a recomendação dos amigos e familiares. Sabemos também que 84% de todo conteúdo de marca compartilhado no mundo acontece em grupos fechados, como de Facebook e Whatsapp. Esse último, aliás, é a principal fonte de notícia para 57% dos brasileiros. A pergunta que procuramos responder sempre é: essa história tem potencial para ser recontada pelo público-alvo? O dinheiro do cliente acaba valendo mais, pois as ideias nascem para gerar impactos orgânicos antes de tudo. Mídia paga pode ser uma grande aliada para ampliar alcance, frequência ou engajamento de campanhas pensadas para ser earned media em primeiro lugar. Inclusive, muitas vezes pode ajudar a aumentar ainda mais os impactos orgânicos.
P: A SOKO se diz uma “data-driven earned media company”. Qual é o papel dos dados no modus operandi da agência?
R: A discussão de métricas e dados é a base fundamental da SOKO, alinhamos criação a uma análise profunda e combinada de dados extraídos de ferramentas como IbopeMonitor (que mapeia audiência de canais), TGI (que mapeia comportamento de consumo), Comscore (que mapeia impacto digital), Meltwater (que mapeia redes sociais) e Klout (que mapeia influência). Não é à toa que a nossa área de criação se chama “Creative Data”, pois acreditamos na combinação das duas disciplinas para o melhor potencial de eficiência da mensagem e reverberação no target correto a fim de gerar “earned media”. Os dados das ferramentas combinados nos dão pistas evidentes do que pode reverberar mais ou menos organicamente com a audiência a ser atingida: territórios de interesse, canais de mais atenção e engajamento, formatos, etc. Nossas ferramentas influenciam a criação das ideias, estimam os impactos orgânicos a partir do potencial mapeado e depois mensuram o impacto orgânico real quando a campanha está no ar.
P: Além de você, Felipe e Pedro, a FLAGCX também tem participação na SOKO. Quais são os principais desafios de uma agência que, embora faça parte de um grupo, tem seus desafios individuais de negócios?
R: A SOKO foi criada porque existia um incômodo dos sócios sobre as práticas da indústria da publicidade tanto no âmbito operacional, quanto humano. Temos como desafio individual – com suporte total da FLAGCX, combater a super-hierarquização, barreiras para a diversidade, competitividade interna, assédio moral e micro-agressões tão presentes no nosso mercado. O nosso maior desafio é provar para a indústria de comunicação que é possível construir uma agência com estes valores, ao mesmo tempo em que se produz trabalho criativo relevante. E acreditamos que podemos influenciar positivamente a indústria por meio da nossa visão.
P: Qual traço da cultura da SOKO que mais te orgulha e qual aspecto que você acha que precisa ser atualizado?
R: Um traço muito marcante da nossa cultura é quetodo mundo tem voz e a as decisões são compartilhadas. Você tem espaço para propor mudanças nos processos, nas metodologias e na maneira de fazer as coisas. Inclusive a reunião mensal mais importante da SOKO é um espaço criado e liderado pelo próprio time, onde discutimos pontos relevantes da agência de forma aberta, democrática e propositiva.
A SOKO é considerada uma das melhores agências em termos de diversidade. Isso porque construímos nossa cultura para estimular a liderança feminina (75%), pessoas negras (35%) e a inclusão LGBTQI+ (65%). Mas não concordamos que chegamos lá ainda. Ainda temos um forte compromisso de tornar nossa agência mais proporcional até o final de 2020 no que diz respeito a atrair e, melhor ainda, reter e promover negros e pessoas com deficiência. Mais que diversidade, hoje falamos de proporcionalidade em relação à população do Brasil. Esse é o nosso principal desafio pela frente e para isso construímos projetos de recrutamento e mentoria.
P: Neste ano você é jurada no festival Effie Awards Brasil e, a essa altura, já deve ter analisado vários trabalhos! Sem revelar nada sigiloso, o que você tem visto de interessante, uma vez que esse ano foi especialmente desafiador para marcas e agências?
R: Este ano foi particularmente desafiador e as marcas que conseguiram se destacar foram justamente aquelas que se preocuparam em construir narrativas de marca conectadas ao contexto atual e com as demandas reais dos consumidores e da sociedade. A relevância das campanhas é proporcional ao propósito e impacto de seu produto, serviço ou valor de marca.