Se o Brasil tivesse que ser representado por apenas um estado, muita gente votaria na Bahia. E não porque sua capital, Salvador, foi a primeira capital do país, mas porque o estado concentra muito do que reconhecemos como riquezas brasileiras: cultura, gastronomia, natureza, alegria e criatividade.
A Bahia é mistura, é pluralidade, é brasilidade na veia. Mas nem sempre a comunicação baiana – ou a comunicação para o publico baiano – reflete tal pluralidade. Com o objetivo de endereçar esta brecha no mercado, as publicitarias baianas Dayane Oliveira e Letícia Sotero se juntaram em 2020 para montar, inicialmente, uma agência de marketing de influência que realmente trouxesse protagonismo para os criadores de conteúdo negros, periféricos, e LGBTQIA+. Ainda na construção desse protagonismo com influenciadores, a agência hoje com um ano, conta com um time de colaboradores formado por profissionais negros e na sua maioria de mulheres. Além do marketing de influência Asminas atua na gestão AON de marcas de beauty da Unilever como Seda, Love Beauty and Planet e Força Vitamina.
Na Featured Story deste mês, conversamos com a Leticia sobre como tem sido esse trabalho e o que vem pela frente! Confira!
P: Letícia, há alguns anos o mercado começou a reconhecer a importância da diversidade dentro das empresas e, claro, das agências também. Mas existe uma grande distância entre o discurso e a prática, né? O que vocês têm feito para quebrar a inércia?
R: Existe ainda uma grande resistência do mercado em entender que trabalhar a diversidade não é um favor, é você conversar com a maioria, é trazer representatividade e fazer com que o cliente final se sinta parte desse contexto, já que ainda boa parte das pessoas negras ainda não se enxerga nas publicidades que consomem. É excluir uma população que movimentar mais de R$ 1,7 trilhões de reais por ano. É muita coisa!
Entendemos que hoje a nossa atuação no mercado tem tido cada vê mais relevância quando se fala de diversidade. Somos a primeira agência preta de Salvador, a cidade mais preta depois da África, e isso é fazer a revolução com as armar que são dadas.
Nesse um ano temos trabalhado muito sempre na perspectiva de dialogar com as marcas sobre a sua atuação no digital quando o assunto é diversidade.
P: Como tem sido a resposta do mercado aos movimentos de vocês?
R: No início foi bem complicado e resistido, principalmente quando enxergavam duas mulheres pretas a frente de uma agência de publicidade. Muitas marcas tinham uma visão errada sobre a nossa agência até associando o nosso negocio com filantropia.
A nossa resposta para o mercado quando nos deparamos com situações como essa, é de mostrar que a nossa capacidade de entrega não é diferente de uma agência branca e nós queremos essa fatia de mercado também. Sempre nos posicionamos muito bem dentro do nosso negocio e hoje a resposta é muito diferente e bem positiva.
P: É mais difícil recrutar times plurais e diversos?
R: Não! É muito mais fácil na verdade. O que dificulta é o preconceito.
P: Em junho deste ano (2021) nós conversamos com o Levis Novaes, co-fundador do MOOC, no nosso podcast B IS THE NEW A. Naquela ocasião perguntamos para ele se as iniciativas lideradas por empreendedores negros sempre foram vibrantes e somente agora ganhavam notoriedade, ou se realmente estamos vivenciando um momento especial. Qual é a sua opinião?
R: Estamos vivendo um momento muito bacana sim no empreendedorismo preto. Todos os olhos se voltaram para nós desde o ano passado por conta de todos os movimentos antirracista. Mas o empreender para a população preta foi algo presente desde sempre na nossa história, mas por necessidade e não por oportunidade.
O que estamos vivendo hoje é um abrir de cortinas para esses diversos negócios pretos que sempre existiram e resistiram.
P: Quais são os planos para o futuro d’asmin(as)?
R: Acabamos de abrir o nosso escritório físico no coração financeiro de Salvador, pra gente esse é um grande passo e realização de um sonho. Para o futuro queremos investir ainda mais em pessoas e tecnologia, essa é a nossa prioridade.
P: Bom, agora a última pergunta tem a ver com o início do texto acima: se você tivesse que votar no estado que melhor representa o Brasil, qual seria? Seja imparcial, heim!
R: huuuuum, bem dificil kkkkk. BAÊA ♥