A gente sabe que está tudo em velocidade acelerada. O que a gente não sabe, muitas vezes, é como planejar em tempos de tanta impermanência.
O futuro será como o fizermos, e portanto, toda estratégia deve priorizar “tentativa e erro”. Isso já coloca de cara em xeque todos os modelos de planejamento estratégico com ciclo de diagnóstico longo demais: é bem provável que, entre o início e o fim de um processo de planejamento tradicional, o cenário já esteja diferente.
Planejar, portanto, deixou de ser atividade manufaturada e passou a ser artesania: tirem da gaveta lápis e borrachas e vamos planejar com mente de iniciante. Ou seja, vamos desaprender, mais e mais rápido. Desaprender não é fácil, mas a gente tem que desaprender, e inclusive desinventar — tanto as ideias dos outros, quanto nossas próprias ideias.
Estou falando de implementação de propósitos e visões: enquanto Marc Zuckerberg e Satya Nadella acreditam que vamos viajar cada vez mais para dentro, um empresário chamado Blake Scholl, que logo será um “sucesso da noite para o dia”, não acredita em evolução sem as pessoas se olharem nos olhos: está criando o novo supersônico, fazendo a tecnologia da aviação avançar os 60 anos que ficou parada no tempo e nos preparando para sermos apresentados para o iPhone da aviação. E então, vamos viajar para dentro ou para fora?
Possivelmente para ambos. Ao contrário do que a gente pensa, o novo não é supersônico: ele vem de criarmos uma cultura de desaprender constante, em todos os níveis de nossa empresa. E enquanto o Planejamento Estratégico tradicional te propõe uma análise de forças e fraquezas e oportunidades e ameaças olhando o concorrente através do espelho, eu — e os clientes que venho atendendo — prefiro adotar novos modelos proprietários, planejando a lápis.
Até porque, em tempos de alto acesso a tecnologia e baixas barreiras de entrada, dificilmente será um concorrente conhecido que aparecerá para desinventar nosso negócio. Melhor, portanto, que sejamos nós mesmos: desaprendendo e desinventando constantemente.
Artigo escrito por:
Cassio Grinberg
Sócio-fundador da Grinberg Consulting