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Planejamento de 2023: tendências e movimentos culturais que as marcas devem considerar

Os negócios passaram por grandes desafios e mudanças nos últimos anos, e isto não vai diminuir em 2023. As marcas ainda terão que lidar com as consequências da pandemia global, os desafios econômicos e o desenvolvimento cada vez mais acelerado das tecnologias.

Acompanhar as tendências que terão maior impacto na forma como trabalhamos e fazemos negócios é essencial para fazer o planejamento estratégico do próximo ano. Mesmo que você já tenha finalizado o plano do que pretende construir e alcançar em 2023, sempre existe espaço para revisar e inserir informações para obter um planejamento estratégico ideal para sua marca.

Para te ajudar neste processo, convidamos Patrícia Macedo e Daniele Lazzarotto, especialistas da área de planejamento, estratégia e comunicação para listarem as tendências e movimentos culturais que acreditam ser os mais importantes de 2023 e que as marcas devem considerar em seu planejamento.

Confira abaixo as reflexões dessas grandes profissionais e aprimore suas diretrizes de comunicação para o próximo ano.

O que é planejamento estratégico? 

Apesar de usarmos estes dois termos de forma quase indistinta, Planejamento e Estratégia são coisas diferentes. A estratégia é um conjunto de escolhas articuladas que, juntas, posicionam a empresa em vantagem. Já o planejamento é um conjunto de tarefas que a empresa se propõe a executar, que podem ou não convergir para um cenário de vitória. Por isso, enquanto uma estratégia é algo extremamente valioso para o sucesso de uma organização, um plano pode ser algo meramente operacional.

Quando falamos em “planejamento estratégico” queremos dizer que naquele momento as duas coisas precisam ser feitas: um entendimento profundo de quais são os fatores críticos para colocar nossa empresa em vantagem, e o conjunto de tarefas que precisam ser executadas para chegar lá. 

Como fazer um planejamento estratégico?

Ter uma boa estratégia significa ter clareza sobre dois pontos principais:

  • 1) Seus objetivos.
  • 2) Os problemas que a impedem de chegar nele. 

Um erro comum ao executar um planejamento estratégico é partir do objetivo direto para a definição de ações, sem antes passar por uma análise criteriosa do cenário e dos problemas atuais. Ao entender o problema, conseguimos ter mais clareza de quais ações serão realmente eficazes para atingir os objetivos pretendidos, economizando tempo, energia e recursos.

Isso não quer dizer que a construção de um planejamento estratégico deve ser um processo moroso, mas que os líderes precisam considerar uma visão da perspectiva interna e dos processos atuais, do mercado e concorrência, da experiência do consumidor e também das tendências culturais. Essas informações, combinadas, conseguem nos dar uma visão mais apurada sobre os problemas mais importantes a serem combatidos e a melhor forma de resolvê-los.

Tendências e movimentos culturais para 2023

1. Aceleração da transformação digital

  • Sob o ponto de vista do consumidor:

Hoje é mais “fácil” de acessar os consumidores – tempo no “Mobile”, exposição multimídia, através dos serviços e conveniência. Porém, alavancar o engajamento é o desafio.  Para isto, a transformação digital e estratégia de dados, precisam estar a serviço da customização e personalização. Precisamos entender o processo de ‘experiência’ e ‘usabilidade’ (CX | UX), que possamos gerar correspondência de dados, a micro segmentação,  para alavancar esta conexão.

  • Sob o ponto de vista do negócio:

O princípio básico da transformação digital, não é apenas composta por dados e algoritmos, mas pelo uma plataforma tecnológica (tecnologia e data lake), e por estabelecermos um novo mindset – composto por processo e governança. O ‘match’ é quando sabemos e organizamos os dados que temos a serviço do negócio, e da experiência que vamos proporcionar (BX).

O perfil das nossas equipes deve entender experiência do cliente (CX). De acordo com uma pesquisa realizada pela Forrester – “habilidades como design thinking, design de experiência inclusivo, design de pesquisa, mapeamento de jornada e alfabetização de dados e storytelling são cruciais”.

Além disso, LGPD (lei geral de proteção de dados) além de uma nova realidade, é um dever de todos. Para que cada vez mais possamos ser engajadores e ao mesmo tempo respeitosos, e responsáveis.

2. Sustentabilidade

Desmitificando uma sigla, que está cada vez mais ‘up to date’: E (Ambiente), S (Sociedade) e G (Governança), o assunto está sendo incorporado não só do planejamento estratégico das empresas, como parte da meta dos principais stakeholders. O assunto não é novo, já que os desafios socioambientais e de governança sempre existiram.

O que muda, é como estão sendo inseridos nas estratégias e práticas empresariais, nas análises de investimento, impacto econômico, além de uma nova ótica entre risco e oportunidade.

Hoje espera-se que a comunidade empresarial, financeira e a sociedade entendam que é uma questão de sobrevivência e perenidade – mais do que apenas uma lógica de negócio, à medida que a população cresce e o desenvolvimento urbano também cresce.

Temos que observar que vários avanços como as ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), meta 2030, etc, são aspectos que nos ajudam a refletir e organizar as melhores práticas.

Os riscos, hoje estão mais associados a práticas isoladas ou que possam banalizar a questão, gerando o que chamamos de ‘Green washing’/ ‘Social washing’.

3. Flexibilidade no trabalho e retenção de talentos

Algumas reflexões para este tema, principalmente num contexto de pós-pandemia:

  • Temos um novo uso do tempo: pensando que o modelo híbrido ou 100% virtual já é uma realidade em muitas empresas, admitimos que não há tantos deslocamentos – “ganhamos” este tempo para o trabalho, mas podemos trabalhar mais! Ou as vezes, por estarmos em casa, nos sentimos obrigados a cumprir outras tarefas do lar, ou mesmo fazer muitas jornadas ao mesmo tempo.
  • Nós como gestores, neste contexto, temos que ter um olhar ainda mais atento para pessoas e para o que é essencial para um ambiente melhor. Precisamos entender esta nova rotina, dentro das nossas casas e como o time melhor funciona e administra esta nova dinâmica. O intuito é garantir produtividade eficiente, que o time possa ter uma dinâmica saudável (mentalmente!) na sua nova rotina. Temos que combinar escala e customização em nossas habilidades como gestores.
  • Nestas novas rotinas, também temos novos ruídos – como discernir, como gerenciar? Precisamos de mais pragmatismo nas decisões. Temos que ser ‘simples, lean and fast’. Comunicação eficiente é fundamental, e ainda mais transparência nas relações.
  •  O conceito matricial de ‘Comando x controle’ nas hierarquias tem novos significados: não ver o outro é suas rotinas, não temos como ‘controlar’ tudo. Isto é ótimo, pois convida o engajamento genuíno e compromisso real.
  • A tecnologia é parte crucial da nossa rotina. Sem ela, não existe comunicação eficiente. Temos menos estímulos sensoriais (perda parcial do não verbal), então precisa da escuta ativa, e sermos mais criativos nos estímulos.
  • Ao mesmo tempo, incentivo encontros presenciais, pois é aí que a cultura organizacional se estabelece. Nas relações de troca, no cafezinho ‘real’, nas discussões e construções em grupo. O novo modelo, precisa a meu ver desta mescla.
  • Reter e inspirar talentos é um convite diário para um gestor. Acredito ainda mais que os planos de carreira têm que ser colaborativos e discutidos com constância. É assim que o engajamento e a colaboração verdadeira prosperam.

4. Criatividade e inteligência Artificial

Um dos pontos mais importantes sobre a transformação digital em 2023 será a evolução da inteligência artificial em atividades criativas. Este ano, vimos a evolução de diversas ferramentas baseadas na GPT-3, tecnologia que dá aos computadores a capacidade de gerar e interpretar textos de forma sofisticada e semelhante aos humanos. Se você ainda não ouviu falar de Dall-E ou Midjourney pare tudo que está fazendo agora e dê um Google. De forma resumida, ambos são programas de inteligência artificial que criam imagens a partir de descrições textuais. Sua produção se espalhou rapidamente pela internet, influenciado desde a propaganda, até o jornalismo, as trends nas redes sociais e até a indústria de fake news. 

5. Tudo é tendência

Neste momento em que as modas viralizam e desaparecem dentro de semanas – ou até dias – está cada vez mais difícil compreender o que é tendência. Isso acontece pela descentralização. O processo de criar e disseminar uma tendência saiu da TV, das revistas e das mãos dos artistas e foi parar nos algoritmos das redes sociais, muito mais democráticos, distribuídos e velozes.  Assim, as subculturas ganham espaço através das mídias digitais sem competir umas com as outras para sobreviver. Por isso, muitas subculturas coexistem e se sobrepõem, esvaziando o conceito de “cultura de massa”. Assim, as marcas precisam evoluir de um modelo de “surfar a onda” das tendências mainstream, para navegar em uma infinidade de tribos e nichos culturais. Tornando esse processo ainda mais complexo – mas com uma conexão mais potente.

6. Os canais de vendas alternativos

Os varejistas em 2023 devem ficar atentos para o conceito de “Alt-commerce” – no qual as vendas migram dos canais tradicionais para canais alternativos, como por exemplo para dentro dos games, das mais diversas redes sociais e também entre os próprios consumidores. Este formato de venda, muitas vezes pede que as marcas tenham um alto nível de integração com a sua comunidade de clientes.

Um dos formatos alternativos que o varejo do futuro deve assumir é a revenda peer-to-peer. Números para sustentar essa visão não faltam: 33 milhões de pessoas compraram um artigo de segunda mão pela primeira vez em 2020 e 76% deles afirmam que pretendem continuar comprando assim no futuro. Hoje, este mercado já movimenta € 33 bilhões ao ano e apresenta um crescimento cinco vezes mais rápido do que as vendas de roupas novas. 

Outro formato alternativo que o varejo do futuro deve assumir é o Social Commerce, modalidade que pode ser definida como as transações que são feitas exclusivamente — da descoberta ao swipe do cartão — por meio de uma rede social, como o Instagram ou TikTok.

Estimativas da Accenture mostram que esse formato de vendas vai crescer 3x vezes mais rápido do que os canais tradicionais nos próximos três anos, superando a marca 1,2 trilhão de dólares.

Artigo escrito por:

Patrícia Macedo

Fundadora & Sócia da UnlockX Marketing & Branding Consulting

Daniele Lazzarotto

Fundadora & Estrategista da Cordão Estratégia