Depois de um ano e meio operando exclusivamente de forma remota, muitas agências começam a se preparar para o retorno aos ambientes físicos conforme as equipes vão completando sua imunização.
Uma dessas agências é a DZ Estúdio, que viu seu crescimento ganhar novos patamares durante o período de distanciamento, mas agora prepara sua nova sede para receber o time de volta.
Mas, se o dito popular é “em time que está ganhando não se mexe”, por que a mudança? É sobre isso e sobre os desafios de retorno que conversamos com Davi Neves, CEO da DZ Estúdio. Confira!
P: Davi, muita gente diz ter se adaptado bem ao trabalho remoto. Como foi esse período de home office para a DZ?
R: O trabalho remoto trouxe pontos positivos para muita gente, como o aumento da concentração, o ganho de tempo sem o deslocamento até a agência e a possibilidade de encaixar outras atividades pessoais na rotina. Mas também trouxe alguns malefícios, e o principal deles é a estafa mental, já que não há um momento de desconexão entre casa e trabalho. Além disso, para nós que trabalhamos com processos criativos, a troca interpessoal é muito importante e nos faz falta.
P: Os desafios do trabalho remoto e gestão de equipes à distância já foram bastante debatidos. Agora as discussões estão voltadas ao retorno ao escritório, modelos híbridos etc. Como vocês têm planejado estes novos modelos?
R: Durante os últimos 6 meses, cocriamos junto com a equipe, realizando grupos focais, questionários e processos criativos facilitados, o nosso novo modelo de trabalho. Chegamos à conclusão que o ideal seria aproveitar o melhor dos dois cenários: remoto e presencial. Definimos o modelo 60/40, ou seja, recomendamos que cada colaborador trabalhe presencialmente duas vezes por semana na agência e os demais dias em casa. É uma recomendação, pois entendemos que algumas pessoas podem preferir trabalhar 100% remoto ou 100% presencial, mas na média queremos atingir a proporção 60/40.
Agora, em que o momento de iniciarmos as atividades na sede da agência se aproxima [programado para novembro de 2021], estamos fazendo conversas individuais com todos os colaboradores para entender as particularidades.
P: Quais são as principais dificuldades que vocês antecipam e como contorná-las?
R: Uma grande dificuldade é como orquestrar as agendas dos times para que eles tenham autonomia de escolher os dias e local de trabalho e, ao mesmo tempo, estejam juntos quando estiverem na agência. Para resolver isso, cada squad terá um dia fixo de trabalho na agência, onde serão realizadas as reuniões e alinhamentos, e o segundo dia será escolhido individualmente por cada colaborador. Para que haja um equilíbrio de ocupação na sede, quando o colaborador for trabalhar presencialmente deverá fazer o agendamento de uma mesa através de um app. O mesmo app permite ainda que se veja quem estará na agência naquele dia e em qual mesa, aproximando fisicamente as pessoas de uma mesma equipe ou departamento.
P: Quais mudanças estão previstas na sede da DZ para este novo momento?
R: Durante a pandemia, deixamos nossa antiga sede e nos últimos meses estamos preparando o novo escritório da DZ. Como já sabíamos que iríamos adotar o modelo híbrido, todo o projeto arquitetônico e mesmo a escolha do endereço já foram pensados neste contexto. O novo escritório da DZ ficará dentro do parque tecnológico da Unisinos Porto Alegre, um espaço que oferece muitas áreas verdes e ambientes ao ar livre, além de estar conectado com a Universidade e outras empresas de tecnologia e criatividade.
O projeto arquitetônico também contempla soluções que atendem ao modelo híbrido. Priorizamos as salas de reuniões, cabines para calls e lounges para conversas. As estações de trabalho são em número inferior ao atual número de colaboradores da DZ (70) pensando justamente no compartilhamento de espaços. Outra mudança é o fim de salas individuais, colocando gestores e equipe lado a lado.
P: O modelo de trabalho remoto derrubou barreiras geográficas, tanto nos aspectos comerciais, quanto de recrutamento. A retomada ao ambiente físico traz de volta barreiras geográficas ou isso ficou no passado de vez?
R: Acredito que tenha ficado para trás. Hoje em nossa equipe temos pessoas que estão morando em diferentes estados do Brasil e agora com a retomada elas seguirão de lá. Com relação aos clientes, a carteira da DZ é composta prioritariamente por marcas que têm como sede a cidade de São Paulo. O que deve mudar, no entanto, é a redução de viagens para reuniões presenciais, visto que as reuniões online funcionam super bem e geram economia de tempo e dinheiro.
P: O que você espera para a DZ em 2022?
R: Para 2022 espero ver a consolidação do modelo híbrido, mantendo a nossa cultura e nossa essência de cuidado com o colaborador. Com certeza irão surgir dificuldades, mas da mesma forma que lidamos bem com a forçada adoção do home-office em março de 2020, iremos dar conta do recado. Vejo a DZ se tornando cada dia menos material, no sentido físico da coisa. Nossa presença é nacional, com colaboradores atuando em Porto Alegre, São Paulo e qualquer outro lugar, seja em nossa sede, coworkings ou em suas casas.