Na era da IA, a inovação e a criatividade são mais importantes do que nunca. Cada vez mais, as organizações estão utilizando soluções de IA para otimizar suas estratégias de marketing e alcançar resultados mais eficientes. No entanto, é importante encontrar o equilíbrio certo entre essas soluções tecnológicas e a criatividade humana.
Nesta Featured Story do mês, entrevistamos Grace Meurer, Associate Creative Director da Faz Brand Space, para discutir como sua equipe está incorporando ferramentas de IA, como o ChatGPT e Midjourney, em seu processo criativo e cultura empresarial. Grace compartilha sua perspectiva sobre como estão usando a IA para impulsionar a criatividade e inovação em suas estratégias de marketing, sem comprometer a originalidade e a qualidade de suas campanhas. Além disso, veremos como a Faz Brand Space está trabalhando com seus clientes para manter um toque humano em suas campanhas, mesmo com o uso de soluções de IA.
Confira o bate-papo!
Como você enxerga o papel da IA na indústria do marketing atualmente? Você acredita que as ferramentas de IA são indispensáveis para as agências atualmente, ou apenas uma opção a mais?
As ferramentas de IA já são indispensáveis. O assunto do momento é o Chat GPT, Midjourney, Copilot, mas existem muitas outras ferramentas que já estão incorporadas no dia a dia sem que se perceba. Trabalhos que demoravam horas agora se resolvem em minutos, fácil assim, graças a inteligência artificial.
Atualmente o número de ferramentas disponíveis no mercado é grande. A gente tá assistindo de camarote a essa explosão. Por enquanto independentes, específicas, cada uma desenhada para resolver um problema distinto, e isso acaba limitando um pouco o uso. Em pouco tempo muitas delas estarão integradas, e aí acredito que se tornarão parte indispensável de qualquer tipo de trabalho. E isso pode acontecer semana que vem, pois nesse mundo de IA, o que for de semana passada já é quase obsoleto.
Como a Faz Brand Space está incorporando as soluções de IA em sua cultura e processo criativo? Quais são os principais benefícios que vocês têm visto até agora?
Por enquanto utilizamos as soluções de IA como assistentes, ou como uma dupla criativa (nem tão criativa). Mas é incrível a rapidez com que algumas soluções passaram a integrar nosso processo de trabalho. Para cada fase existem várias ferramentas disponíveis, fica até difícil acompanhar. De um modo geral, o grande benefício até o momento é o ganho de tempo com tarefas mais simples e braçais.
Com a crescente adoção de soluções de IA no marketing, surge a questão de como encontrar o equilíbrio certo entre a eficiência da IA e a criatividade humana. Como vocês encontraram esse equilíbrio na Faz Brand Space?
Acho cedo para discutir esse equilíbrio. As soluções disponíveis de IA ainda são experimentais. Como a gente costuma dizer na Faz, são ótimos assistentes, mas ainda não tive o privilégio (ou competência) de acessar uma solução tão maravilhosa que tenha colocado em cheque a criatividade humana. Sim, sabemos que livros criados pela inteligência Artificial já foram premiados, filmes, obras de arte… mas no dia a dia, com as ferramentas a que temos acesso, os resultados ainda são pouco eficientes, não muito criativos. Mas é absolutamente incrível como contribuem para reduzir o tempo dos processos. Os serviços mais básicos e braçais, esses estão com os dias contados.
Como a equipe da Faz Brand Space se mantém atualizada sobre as mais recentes soluções de tecnologia disponíveis no mercado e como escolhe quais ferramentas usar em seus projetos?
As redes socias estão bombando com o assunto numa velocidade absurda. Salvamos vários posts por dia. Depois é difícil achar tempo para testar tudo. Existem sites como o “Futurepedia” que reúnem tudo de novo na área, e a quantidade de soluções deixa qualquer um tonto. Mas nem tudo são flores, grande parte das ferramentas são pagas, e pra testar de fato tem que pagar, os free trials não são suficientes. Mas eu diria que o mais difícil é encontrar tempo para definir quais se adequam melhor ao nosso processo.
As ferramentas de IA afetaram a forma como vocês trabalham com os clientes? Eles estão mais abertos a ideias inovadoras e criativas com o uso da IA?
Não diria que estão mais abertos a ideias inovadoras e criativas. Os clientes sempre desejaram isso, desde o início dos tempos. Mas a forma como trabalhamos e como adicionamos a IA no processo, isso mudou, e tenho certeza que mudará ainda mais.
Acho importante dividir com os clientes quando e como utilizamos a IA, é justo. É como apresentar mais alguém da equipe, atribuir o trabalho. Até porque existem questões preocupantes no processo, como a discussão de propriedade intelectual. Muito da entrega da IA é um compilado de informações e recursos existentes. Por exemplo, no Midjourney, muitas pessoas fazem referências a artistas para obterem um resultado esperado. O quanto desse artista, de sua identidade, características do seu trabalho, são importadas? Eu diria que muito. É nítido ainda o uso de “referências”.
Dizem que as redes sociais já conseguem identificar conteúdo gerado por IA, comprometendo o algoritmo e distribuindo menos. Se isso for verdade, o cliente tem um prejuízo ao invés de benefício.
Os clientes precisam saber dessas questões, nós precisamos estar atentos, caso contrário em breve estaremos sujeitos às implicações jurídicas. Mas de um modo geral, os clientes estão abertos ao uso das soluções de IA.
Quais são os principais desafios que vocês enfrentam ao usar soluções de IA na criação de campanhas de branding? E como vocês os superam?
Por enquanto a participação da IA na construção de marcas é pouco relevante. Utilizamos as ferramentas como assistência, pra agilizar alguns processos. Quando sentamos para criar algo e colocamos as informações no chat GPT, por exemplo, as ideias corriqueiras, básicas, simples, estão ali. Isso ajuda, porque mesmo o básico muitas vezes consome energia. Ter “alguém” para entregar isso é uma mão na roda. Recortar imagens, criar a base de um site, criar imagens que antes dependiam de dias para fazer, isso é genial, economiza tempo e alivia o cérebro. Mas esperar muito mais dessas ferramentas, por enquanto não. Semana que vem já não sei.
Você poderia compartilhar um exemplo de como ferramentas de IA ajudou a Faz Brand Space a criar uma campanha mais inovadora e criativa?
Não podemos ainda citar nomes, porque os trabalhos ainda estão em aprovação, mas podemos afirmar que a IA contribuiu bastante em um trabalho de namming. O nome escolhido não foi criado pela ferramenta, mas as alternativas geradas pela IA ajudaram a reforçar o conceito, nos serviram de parâmetro para essa definição.
Em outra ocasião eu precisava de uma foto muito específica, difícil de encontrar em bancos de imagem, difícil de manipular ou até mesmo fotografar. Utilizei a IA e foi libertador, consegui criar imagens incríveis num curto espaço de tempo.
Conteúdo para redes sociais já é até básico, utilizamos bastante pra criar conteúdo, fazer um “brain” com a máquina, otimizar SEO, coisas assim. Mas é importante ter cuidado e verificar as informações. A IA aprende, inclusive, se mal ensinada, aprende errado, assim como nós. Eu já tive resultados de citações atribuídas a um escritor que não eram verdadeiras. Se tem fake news, tem fake answers.
Quais são suas expectativas para o futuro das tecnologias de IA na indústria do marketing e do branding? Você acredita que a IA será capaz de substituir completamente a criatividade humana em algum momento?
Esse é sempre um tópico que nos faz pensar nos filmes de Hollywood, em que a IA domina os seres humanos. É uma questão relevante, até mesmo filosófica, que nos faz pensar naquilo que nos torna humanos.
Penso que na área do design, marketing, propaganda, a IA vai sim, com o tempo, nos substituir, ou pelo menos acredito que a tecnologia tenha essa capacidade. É poético pensar que não, que algo em nós, seres humanos, é peculiar. Nossas emoções, empatia, sentimentos, que isso faz a diferença. Hoje sim, faz toda a diferença, mas no futuro tenho minhas dúvidas.
Muito do que somos nos é ensinado, inclusive a forma como sentimos e nos identificamos. Se é ensinado, a IA pode aprender. Gostaria de pensar diferente, meu coração e minha alma dizem que não somos insubstituíveis, mas minha lógica discorda. Seriam poucos os seres humanos geniais, incríveis, com uma capacidade criativa além do normal que ainda se manteriam relevantes e superiores a tecnologia. Eu com certeza não faria parte desse grupo tão seleto.