Recentemente o time de conteúdo da BPool me deu essa tarefa: escrever palpites para o mercado de comunicação em 2022. Senti minhas mãos suando, confesso.
“Preciso ligar pro Tiago Mattos” pensei. Tiago foi o convidado no EP#11 do B IS THE NEW A, podcast da BPool, e é especialista em Futures Literacy (letramento de futuros). Naquele episódio o Tiago nos deu uma aula sobre futuros. “Sim, no plural”, lembro dele ressaltar essa parte. Segundo o Tiago, a gente pode imaginar e antecipar futuros que já estão sendo – ainda que em diferentes etapas – construídos agora. E são N possibilidades.
Por exemplo: estamos ouvindo muito sobre o Metaverso e sabemos que, embora não seja um conceito novo, Zuckerberg já mostrou ter a capacidade de fazer acontecer e de dar escala para seus produtos. A Nike, ao anunciar a compra da RTFKT, empresa de tênis virtual, também indica que o movimento vai ganhando força.
Ou seja, podemos imaginar que um dos futuros possíveis é um futuro onde o Metaverso é um sucesso, as experiências entre o mundo real e o digital realmente fazem parte do nosso cotidiano e NFT são tão valiosos quanto o dólar americano ou a libra esterlina. Por outro lado, um outro futuro possível é que o Metaverso não ganhe o protagonismo imaginado e seja um “novo Second Life”. Pode ser também que o Metaverso ajude a impulsionar alguma outra coisa muito maior que ainda nem está no nosso radar.
Veremos. Mas não acho que 2022 seja um ano de definições neste sentido, e sim de pavimentação de caminhos.
Um segundo ponto que acho que vale imaginar é a relação das pessoas com os espaços. 2020 foi um ano de isolamento, de certa forma, 2021 vem sendo de retomada. Então, a não ser que apareça uma nova e devastadora variante do corona vírus, parece razoável afirmar que 2022 será mais parecido com o período pré-pandemia.
Mas as pessoas não são necessariamente as mesmas. Todos nós fomos transformados por tudo o que aconteceu neste período (ou quero acreditar nisso). Nosso modo de trabalhar mudou, nossa maneira de consumir mudou, assim como nos relacionamos com os espaços (públicos ou privados, abertos ou fechados) e – mais importante – nossos valores mudaram. Ou seja, estou ansioso para ver como serão os shows, eventos, feiras, e como as pessoas e as marcas vão se relacionar com tudo isso.
Agora, exatamente por conta da questão de valores, o tema que eu acho mesmo que veremos assumir o protagonismo em 2022 é o ESG. Sustentabilidade não é um assunto novo, mas certamente eventos recentes reforçaram que “se importar” é chave para qualquer marca. Não importa o tamanho!
Se importar com a comunidade onde está inserida.
Se importar com a cadeia produtiva.
Se importar com o impacto no meio ambiente.
Se importar com a relação com stakeholders.
Se importar com reparação de erros históricos.
Se importar em fazer mais do que gerar lucros.
Tenho acompanhado conversas de marcas líderes de mercado que estão cada vez mais interessadas não só na conservação, mas na regeneração do planeta. E consumidores, cada vez mais, querem se associar ao que as marcas fazem, e não somente ao que elas vendem.
E neste ponto, imagino que o Tiago concordaria comigo, embora – suponho – se sentisse na obrigação de me alertar que outros futuros menos otimistas também são possíveis.
Mas, da mesma forma, futuros ainda mais otimistas também são possíveis, não é? E, se sonhar pequeno e sonhar grande dá o mesmo trabalho, vamos então sonhar grande e meter a mão na massa para realizar – ou começar a pavimentar – em 2022 os futuros que queremos.
Davi Cury
Partner & Head of Operations