Na edição #53 da Featured Story, conversamos com Leopoldo Jereissati, publicitário, fundador e CEO da All Set, agência especialista em In-House que tem se consolidado como uma referência no mercado publicitário, tornando-se a primeira agência de publicidade certificada como B Corp no Brasil, liderando o caminho em responsabilidade socioambiental enquanto alia lucro e propósito.
Hoje, com operações In-House para gigantes como Pepsico, L’Oréal e O Boticário, a All Set se destaca ao combinar criatividade, tecnologia e eficiência para entregar soluções escaláveis e estratégicas, provando que a inovação é parte integral de seu DNA.
Confira a entrevista!
1. A All Set tem uma década de existência e nesses últimos anos presenciamos acontecimentos que mudaram significativamente o cenário cultural, tecnológico e mercadológico do Brasil e do mundo, como por exemplo o fortalecimento de pautas ambientais e de inclusão e a popularização das Redes Sociais, das ferramentas de personalização e, mais recentemente, das Inteligências Artificiais; o quanto dessas mudanças e inovações a All Set incorporou nesse período para se tornar o que é hoje?
Todas! Rsrs… A primeira delas foi termos nos provocado a nos tornar a primeira agência de publicidade com a certificação B no Brasil (Uma BCorp). Ali eu descobri que dava pra crescer e junto com esse crescimento puxar a agenda socioambiental dando lucro.
Sobre o crescimento e consolidação das redes sociais, acaba que hoje são os principais canais de comunicação e veículos geradores de demanda e produção de conteúdo da agência, junto aos e-commerces e varejos físicos. Esse contato direto das marcas com milhões de pessoas trouxe um nível de segmentação possível jamais visto e com isso uma grande oportunidade e volume de campanhas para Social, CRM e mídia digital.
A inteligência artificial e todas as ferramentas de automação, que só melhoram a cada versão, tem potencializado o ser humano na All Set, possibilitando maior produtividade, liberdade criativa, eficiência em custos e qualidade de vida para os artistas, criativos, analíticos, redatores e animadores.
Testamos ao longo de 2024 mais de 100 programas para as frentes de criação, layout, animação, 3D, código, gerenciamento de projetos, mídia, criação de apresentações e reports. Começamos achando que o impacto estaria na produção de conteúdo e hoje temos a clareza de que impacta todas as áreas do negócio – inclusive a diretoria da empresa – estamos usando agentes do GPT como consultores complementares na tomada de decisão.
2. A All Set tem clientes como Pepsico, L’Oréal, OBoticário, Sodexo, entre outras grandes marcas. Em algum deles a operação foi no formato In-House? Como uma operação In-House agrega em empresas como essas que já tem uma estrutura robusta e processos definidos?
Hoje a All Set opera cerca de 15 in-houses para grandes empresas e multinacionais no Brasil, México, Argentina e Estados Unidos. Em geral as operações começam pequenas e vão crescendo conforme a necessidade de cada conta.
Resolvemos com excelência operacional a criação de assets em escala (são dezenas de milhares de peças por semana) e a medida que vamos nos tornando uma extensão das equipes dos clientes, vamos abrindo novos caminhos mais estratégicos e orientados ao negócio (como as áreas de mídia, crm, dados e social), todos integrados na in-house com pessoas dedicadas e lideranças mais sêniores (técnicas e de gestão) disponíveis sob demanda em momentos críticos para o negócio dos clientes como nas grandes datas do varejo (páscoa para uns, black friday e natal para outros).
3. No ano passado, Henrique Russowsky se uniu ao time All Set trazendo consigo um grande conhecimento em mídia digital, tendo passado por grandes empresas como Google e Pinterest. Quais perspectivas inovadoras Russowsky somou a metodologia que vocês já possuíam?
A chegada do Henrique na All Set nos trouxe uma reputação muito forte e um rápido reconhecimento pelo mercado, principalmente em mídia digital e growth. Seu principal impacto aqui tem sido sua visão empreendedora e a capacidade de enxergar os caminhos para onde a operação do cliente tem que ir.
Hoje em dia o fornecedor tem que conhecer tecnicamente tudo sobre os novos veículos de mídia, um conhecimento especializado e profundo para que justifique a terceirização. Henrique veio com brilho nos olhos e com vontade de mostrar para o mercado o novo momento da Performance, que passa pela gestão integrada de mídia, dados e assets criativos.
4. A atração de talentos é uma parte importante dentro dos processos de uma in-house. O que vocês costumam priorizar em perfis criativos e como essas características impactam no resultado final para os clientes?
Nossa área de talentos é super estratégica. O diferencial é que a All Set se vê como uma agência-escola.
Gostamos de formar aqui as pessoas desde o início da carreira para que possam se desenvolver tecnicamente como acreditamos mas também para que se tornem cidadãs melhores.
A gente fala de hard e de soft skills. A gente ensina, pela metodologia TEAL, uma gestão mais horizontalizada em que a maior parte das equipes divide as responsabilidades gerenciais entre si. Não é para qualquer um fazer algo além do escopo técnico. Tem que ter o perfil e é isso que a gente busca contratar: cultura.
5. Hoje a All Set possui certificação em cinco ODS e é a primeira agência de publicidade no Brasil com a Certificação B, uma BCorp. Quais são os desafios e os ganhos ao construir uma cultura tão fundamentada em ESG?
O trabalho de inclusão no mercado de comunicação começa pela minha paixão em educação, passa pela equidade de gênero buscada pela minha sócia, pela intenção de aumentarmos a representatividade de pessoas pretas e pardas de um de nossos Diretores de Arte, até a chegada da nossa diretora de talentos formada em biologia, que nos provoca, durante a pandemia, a olharmos para o meio-ambiente com o mesmo cuidado que passamos a olhar as pautas sociais.
Atualmente a diversidade e inclusão são intrínsecas na nossa cultura, nosso “ninho de gente esquisita” como nos autodenominamos, e aprendi com a Dow Química, pioneiros na pauta, que isso é um diferencial competitivo que nos traz resultados positivos no negócio. O ganho está aqui e o desafio está na nossa própria mudança de mindset primeiro, antes de querer mudar o mundo.
A consciência corporativa é limitada à consciência de sua liderança. Dados:
(ODS4) [mais de 60% dos All Setters vem do ensino público fundamental]
(ODS5) [50% de mulheres/declaradas mulheres na liderança inclusive]
(ODS10) [30% de pessoas pretas e pardas declaradas, liderança inclusive]
(ODS15) [Apoio probono aos projetos Onçafari e Instituto Taquari Vivo]
6. Pode compartilhar um case que tenha sido significativo na história da All Set e gerou aprendizados em inovação e impacto?
Sabe, um dos cases mais fantásticos da All Set nessa última década foi termos conseguido juntar cerca de dez entre os maiores produtores de Frutas, Legumes e Verduras do Brasil em torno de valores comuns deles próprios e criarmos a marca e o posicionamento do grupo Produtores do Bem no B2B. Imaginem o poder e impacto no meio-ambiente das dezenas de fazendas espalhadas pelo território nacional todo. Estimulados pela valorização do varejo, com reconhecimento de preço adequado (fair-trade), a gente conseguiu provar uma tese de que há uma grande apreciação dos consumidores com maior poder aquisitivo dos grandes centros de consumo por aqueles que decidem fazer o certo, a coisa certa, do jeito certo.
O Agro é muito forte e termos trabalhado com um grupo de empresários tão experientes no campo, há mais de três gerações em alguns casos, e ter tido com eles a abertura para desenharmos toda a estratégia e planejamento Go-to-market abriu nossos olhos para a importância que vários estados tem na nossa economia como um todo.
A partir desse case, passamos a nos envolver direta e indiretamente nas iniciativas ESG dos nossos clientes e conseguimos influenciar evoluções importantes como a certificação de alguns como empresa B também e a documentação e divulgação das iniciativas sociais de suas marcas e fundações, o impacto que isso tem no negócio e a importância dessa conexão das marcas com o propósito e expectativa do público mais jovem e mais engajado. Estou falando aqui de Nestlé, Ambev e mais empresas desse porte. Descobrimos nossa vocação de influenciar positivamente as empresas nesta pauta liderando, do nosso lugar de fala e proporção, pelo exemplo.
7. Por fim, gostaríamos de saber: quais as expectativas que você e seus sócios têm visualizado para a All Set em 2025 e o mercado das in-houses no território LATAM?
Esse ano o mercado está bem aquecido e as oportunidades estão vindo em volume para mercados locais e regionais, principalmente operações LATAM e países de moeda forte, como os Estados Unidos por exemplo.
Do ponto de vista de governança, estamos nos estruturando com a abertura de empresas fora do país para atender as necessidades de compliance, lgpd e financeiras.
Quanto à operação, as ferramentas de linguagem de inteligência artificial quebraram o medo da língua não nativa na escala de produção. Com pessoas de negócios e líderes criativos residindo nos países onde temos maior presença hoje – México e Argentina – estamos expandindo e ganhando maior reputação nesses mercados.
A All Set vê um momento de consolidação das in-houses no Brasil, estamos felizes de já estarmos hoje em dia entre as maiores e sabermos que ainda não acessamos nem 30% do mercado total (setores como auto, construção civil, aéreas, empresas de telefonia…) – ainda há muita oportunidade de expansão.
Em LATAM as empresas onde já temos forte atuação aqui no Brasil nos levam para fora com intenção de replicar o impacto para outros mercados e nessa jornada, termos a Bpool como parceiro estratégico de negócios nos ajuda muito a gerar estas novas conexões e a calibrar se a demanda tem fit ou não com a nossa agência e modelo de operação. #growing2gether é isso!