As pessoas nunca jogaram tanto como hoje. O rápido crescimento da indústria de games impulsionado pela necessidade de ficar em casa durante a pandemia fez com que os jogos ganhassem um público cada vez mais amplo.
Mas o que este universo representa para as marcas e como elas podem se comunicar com os jogadores do mundo real?
Na Featured Story deste mês, conversamos sobre as marcas no universo gamer com Pedro Santos, fundador e CEO da TripleA, uma agência que busca conectar de forma criativa jogos e marcas, com metodologia e tecnologia proprietária para planejamento e execução de campanhas e ativações de marcas e/ou agências de publicidade.
Confira a entrevista!
P: Os jogos estão em plena expansão – e assim tem sido há alguns anos. O que você acredita que está impulsionando esta tendência?
R: Acredito que fatores muito próprios do segmento explicam essa tendência. Em primeiro lugar, em um mundo em que existe uma briga muito intensa pela atenção das pessoas, os jogos oferecem algo único que é uma experiência interativa com o meio. Se você pegar os outros canais de comunicação que competem pela atenção das pessoas, em sua maioria, se tratam de experiências passivas. Vamos pegar filmes como exemplo. A audiência está posicionada em frente a tela se entretendo através da interpretação dos sons e das imagens que aquele produto oferece.
No caso dos games há uma troca. O usuário participa ativamente do processo de entretenimento pois ele interage com o conteúdo que o jogo oferece.
Outro ponto, é o movimento de democratização dos jogos. Antigamente, jogos eram uma plataforma de difícil acesso com hardwares e acessórios muito caros. Hoje, o mercado tem uma ampla gama de produtos e serviços que ampliaram significativamente o acesso ao meio. Principalmente jogos free-to-play e mobile. Qualquer um consegue se distrair em qualquer lugar com jogos sem gastar dinheiro, basta ter um celular na mão.
P: Para termos uma visão geral do universo gamer, fale um pouco sobre o potencial de negócios desse mercado (qual o faturamento do setor, o tamanho do público no Brasil e mundo e o quanto as marcas estão se envolvendo, por exemplo).
R: O mercado de games já pode ser considerado o “Campeão do Entretenimento”. O faturamento do mercado de games é maior que o do cinema e da música somados. São 180 Bilhões de dólares em receita no ano de 2021. São 3,5 bilhões de jogadores no mundo. Nesse cenário o Brasil é um player estratégico importantíssimo em escala global. Pois se trata do quinto maior mercado do mundo e o maior da América Latina com aproximadamente 96 milhões de jogadores.
Em um contexto desse as marcas já perceberam que é importante se posicionar, pois existe um gamer que represente seu publico alvo. Se pegarmos grandes eventos como a BGS, por exemplo, existem diversos estandes de marcas não endêmicas maiores que de marcas endêmicas.
As marcas endêmicas são as marcas que estão em seu ambiente natural no segmento de games. Exemplos: PCs, Consoles, Mouses, Joysticks e etc. Marcas não endêmicas são marcas que não são do setor como: vestuário, bancos, bebidas e etc.
P: Ainda podemos falar de um único público-alvo? Quem são os jogadores? A comunidade já é diversa?
R: Se pegarmos o dado acima de 96 milhões de jogadores no Brasil, é nítido que já se trata de um mercado totalmente massificado. Aquele estereótipo do gamer como um segmento único já não existe mais. Hoje o mercado é totalmente diverso. Nós já começamos a desmontar esse estereótipo com os gêneros. Hoje a mulher é a maior parcela do mercado com 51%. Se analisarmos as classes sociais, a classe C representa quase 40% do mercado.
Ou seja, praticamente todo mundo é gamer. Vivemos em um mundo em que o público alvo da marca, em algum momento do seu dia, veste o boné de gamer e interage com o meio. Cedo ou tarde as marcas irão perceber isso.
P: Na sua opinião, como as marcas podem aproveitar essa tendência para irem além do óbvio e se comunicar com o público?
R: Na minha opinião o “ir além do óbvio” é justamente a compreensão da diversidade do mercado. A partir do momento que a marca compreende que o mercado é diverso ela, naturalmente, perceberá a necessidade de agir em cima de três pilares que julgo importantíssimos: Qual gamer representa meu público alvo? Qual a jornada de canais dele? Qual a narrativa correta que devo usar?
A diversidade que já enxergamos em nossa sociedade também se reflete nos games. Não podemos tratar as comunidades como coisas iguais. Jogadores de diferentes tipos de jogos raramente interagem uns com os outros. Muitas vezes, se você escutar eles conversando, parecem até línguas diferentes de tantos jargões próprios do meio. A compreensão dessa pluralidade e como atuar nela é o segredo para ser o mais assertivo possível.
P: Quais são as possibilidades (tipos de campanhas ou ativações) para as empresas “entrarem no jogo” e chamarem a atenção do público?
R: O universo é muito rico e em constante atualização. Portanto, existem maneiras muito ricas de se comunicar e chamar a atenção do público. E isso tem tudo a ver com a compreensão da comunidade gamer que você vai atuar.
Hoje, vejo um caminho muito próspero de as marcas se posicionarem como embaixadoras de comunidades representando determinado segmento. E, partindo da comunidade escolhida, criar histórias nos diversos canais próprios do segmento como: dentro dos jogos, metaversos, streamers, mídia especializada, e outros.
O mais importante, é criar de fato raízes dentro do segmento e ir expandindo a relação com o meio vislumbrando o longo prazo. É melhor ser totalmente reconhecido pela comunidade correta do que fazer uma aparição esporádica em um lugar ou algo superficial em vários lugares. Agindo assim, no fim , não se cria nada de relevante.
P: Muitas marcas querem dialogar com esse universo, e as vezes sem refletir se é o caminho certo. Como a TriploA ajuda a estabelecer conexões de maneira genuína com o público gamer?
R: Nós nos posicionamos de modo a ajudar as marcas a adentrar esse fascinante universo atacando dois pontos que julgamos fundamentais. garantir que a marca impactará o gamer correto, no lugar correto e com a linguagem correta. E se aproveitar da massificação do mercado para criar impacto de grande escala.
Para isso, nós temos duas unidades de negócio. A TripleA Creative, que funciona como uma extensão das agências e marcas com soluções end-to-end para montagem, execução e acompanhamento de campanhas dentro do universo de games que gerem resultados. Aqui, montamos desde soluções holísticas para games até projetos especiais que só o meio é capaz de entregar.
No caso de se aproveitar da massificação do mercado, nós montamos um hub de mídia para gerar impacto em contextos que atingem o gamer de forma casual. Pois acreditamos que é aqui que se encontra o maior ponto para escalar no mercado de games.
O gamer joga todo dia, como faço para impactar ele nesses momentos? Nós montamos o que chamamos de “Full Gamer Impact” que é impactar o gamer de forma completa em sua jornada casual. Para isso temos entregas que vão desde os momentos dentro do jogo, como OOHs espalhadas nos momentos ativos da experiência, até mídias nos intervalos dos jogos e nos acessos a conteúdos especializados. Assim, acreditamos ser possível endereçar todos os pontos que garante que as marcas criem conexões reais e de grande impacto com o segmento de games.